Os debates finais do PAINEL 2025 – Pacto pela Infraestrutura Nacional e Eficiência Logística, promovido pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia, em São Paulo, reforçaram um alerta: sem inovação tecnológica e investimento em qualificação profissional, o Brasil corre o risco de perder a corrida global pela eficiência logística.
No painel “Conectividade Digital e Sustentabilidade no Ecossistema Intermodal”, mediado por Giovanni Phonlor, diretor de Operações do Tecon Rio Grande, os especialistas mostraram como a convergência entre inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e gêmeos digitais está redefinindo a gestão da infraestrutura e criando novas oportunidades de competitividade sustentável.
Antonio Grandini, sócio da Telostot//Tompkins, em parceria com Fernando Ferreira, presidente da Trouw Tecnologia, e Pedro Gonçalves, da NeoCert, apresentou uma jornada prática de descarbonização logística, que combina dados, automação e governança ambiental, resultando em redução média de 12% nas emissões de CO₂ em operações urbanas.
Vasco Oliveira Neto, CEO da nstech, defendeu que o uso inteligente de dados é o elo entre eficiência e sustentabilidade. Ele apresentou o conceito de Transportation Network System (TNS) — uma evolução do TMS tradicional — que conecta embarcadores, transportadores e motoristas em uma rede digital colaborativa. “Fazer mais com menos é o desafio central da logística moderna. A tecnologia em rede é o caminho para reduzir custos, emissões e salvar vidas nas estradas”, afirmou.
Encerrando o painel, Duperron Marangon Ribeiro, CEO da PhDsoft — associada ao Cluster Tecnológico Naval – apresentou os avanços dos gêmeos digitais e da engenharia aumentada, que unem sensores, drones e simulações 3D para prever falhas estruturais, otimizar manutenções e ampliar a segurança operacional. “A engenharia aumentada é a nova fronteira da inovação. Ela não substitui o engenheiro, mas multiplica sua capacidade de análise e decisão”, destacou.
Na sequência, o painel “Capital Humano e seu Impacto na Infraestrutura e Logística”, mediado por Danilo Dias, Global Chief Revenue Officer da HAYMAN-WOODWARD, tratou do desafio da escassez de profissionais qualificados e do papel das pessoas como diferencial competitivo.
Denys Monteiro, CEO da ZRG Brasil, destacou que o país vive uma crise de sucessão técnica, com queda acentuada na formação de engenheiros e técnicos, o que ameaça a capacidade de execução dos grandes projetos de infraestrutura.
Enio Stein, CFO da EPR Rodovias, apontou que novas tecnologias — como Free Flow, HS-WIN, drones e IA — estão transformando as competências exigidas no setor, exigindo perfis mais analíticos e multidisciplinares. Já Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work, lembrou que “os maiores ganhos de produtividade podem vir das pessoas”, e defendeu o uso de IA para fortalecer a gestão de equipes e a cultura de liderança.
Os painéis concluíram que o futuro da infraestrutura brasileira será definido pela capacidade de integrar tecnologia, sustentabilidade e capital humano. Sem inovação, dados e qualificação, o país corre o risco de ver sua competitividade estagnar — mas com eles, pode se posicionar entre as economias mais eficientes e preparadas para os desafios da transição verde.