“Assim como a Semana de Arte Moderna abriu um caminho sem volta para a arte brasileira, a química vive hoje um momento equivalente para a indústria nacional.”
A afirmação do presidente-executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro, marcou a abertura do 30º Encontro Anual da Indústria Química (ENAIQ), realizado no dia 6 de novembro, no Theatro Municipal de São Paulo. Em uma edição histórica, o evento reuniu cerca de 800 convidados entre lideranças empresariais, autoridades, representantes do governo e do Congresso Nacional, além de especialistas e parceiros da cadeia produtiva.
Entre as autoridades presentes estavam o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o presidente da Frente Parlamentar da Química, deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) – autor do PL 892/25, que institui o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq) – e o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), relator da proposta. Também participaram o secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego, Francisco Macena; o deputado estadual Rômulo Fernandes (PT-SP); e o diretor-presidente do Bahia Investe, Paulo Roberto Brito Guimarães, reforçando a interlocução da Abiquim com diferentes esferas do poder público.
Desafios superados e novos horizontes
Com o tema “Inspirando Conexões”, o ENAIQ 2025 simbolizou um momento de renovação institucional e reafirmação do papel estratégico da indústria química na economia brasileira.
Em sua fala, André Passos Cordeiro destacou as conquistas recentes que marcam uma nova fase para o setor. “Mesmo diante do déficit comercial recorde de US$ 56,8 bilhões, o setor encerra o ano com crescimento de 2,9% no faturamento líquido, atingindo US$ 167,8 bilhões, e sinais concretos de recuperação. Esse movimento é resultado direto da adoção de políticas estruturais de defesa comercial, da elevação das tarifas de importação e das medidas antidumping, que restabelecem condições justas de concorrência para a produção nacional”, afirmou.
Outro avanço mencionado foi a retomada do REIQ (Regime Especial da Indústria Química), que trouxe de volta R$ 6 bilhões à arrecadação federal e viabilizou mais de R$ 1 bilhão em novos investimentos. Passos também ressaltou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Presiq, iniciativa que consolida uma política industrial moderna e alinhada à transição ecológica.
O dirigente enfatizou ainda que a sustentabilidade se consolidou como eixo transversal da atuação da Abiquim, refletida em ações como a Taxonomia Sustentável Brasileira, o Plano Clima, o Selo Verde e a estruturação do mercado regulado de carbono. “A indústria química brasileira está pronta para liderar o movimento rumo à neutralidade climática até 2050”, concluiu.
A presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Daniela Manique, reforçou o otimismo ao lembrar que 2025 foi um ano de conquistas e fortalecimento da identidade do setor. “A indústria química brasileira tem potencial de ser um exemplo para o mundo, pois aqui a química verde deixou de ser uma promessa e se tornou uma realidade vibrante, resultado da nossa biodiversidade única, capacidade técnica e espírito colaborativo”, afirmou.
A executiva destacou também o protagonismo brasileiro em fóruns internacionais e o avanço em diversidade e inclusão dentro da indústria. “Ampliamos espaços de escuta, fortalecemos políticas de equidade e conquistamos mais representatividade em laboratórios, comitês e eventos. A sustentabilidade, para nós, é um valor integral: está na química verde e também no fio condutor de nossas ações.”
Uma nova marca para um novo tempo
Um dos momentos mais simbólicos da noite foi o lançamento da nova identidade visual da Abiquim. O novo símbolo - a letra Q - representa a força de conexão e transformação da química, expressa na assinatura “A química que nos une”.
“Essa marca traduz o espírito da nossa indústria — colaborativa, inovadora e comprometida com o futuro do país”, destacou André Passos Cordeiro.
Mais do que uma atualização estética, a nova marca expressa o reposicionamento institucional da Abiquim, reforçando seu papel como ponto de encontro entre empresas, governo, academia e sociedade.
Parcerias estratégicas e sustentabilidade
O encontro também foi marcado pela assinatura de novos acordos de cooperação com a Sociedade Brasileira de Química (SBQ), a Embrapii e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). As parcerias reforçam a integração entre ciência, inovação e competitividade, pilares da atuação da Abiquim na construção de uma agenda comum para o futuro da indústria química brasileira.
O painel principal do evento, intitulado “Indústria química e transição para produção de baixo carbono: como avançar, garantindo competitividade, em um cenário econômico mundial instável”, contou com a participação de grandes nomes do setor e do governo: Cristina Fróes de Borja Reis (Ministério da Fazenda), Roberto Prisco Ramos (Braskem), Angélica Laureano (Petrobras), Guilherme Mattos (EDGE), Ricardo Capelli (ABDI), além dos parlamentares Carlos Zarattini, Afonso Motta e senadora Daniela Ribeiro.
A cerimônia também prestou homenagem à liderança feminina da indústria química, reconhecendo 15 executivas que se destacaram em diferentes áreas e empresas do setor. Em seguida, dez estudantes de São Paulo e do Ceará receberam medalhas pela performance na Olimpíada da Química, uma das principais iniciativas de estímulo ao conhecimento científico no país.
