No começo de julho, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) comemorou o crescimento de 24,5% nas exportações de junho, no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Principal destino das exportações brasileiras do setor, os Estados Unidos foram, justamente, o país que puxou o incremento, com crescimento de quase 40% no mesmo comparativo. Com a carta enviada por Trump ao presidente Lula, em que anuncia a taxação de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a Abicalçados reporta surpresa e preocupação.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca a preocupação do setor com a tarifa anunciada. “No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades. O anúncio do presidente Trump, com novas tarifas a partir do dia 1º de agosto, é um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro”, lamenta. Ferreira, ressalta, ainda, que “os Estados Unidos, em linhas gerais, têm um déficit comercial, mas com o Brasil tem superávit, não justificando a medida”.
Principal destino do calçado brasileiro no exterior, os Estados Unidos receberam, em junho, 1 milhão de pares brasileiros, pelos quais foram pagos US$ 20,76 milhões, crescimentos tanto em volume (+39,4%) quanto em receita (+25,4%) em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do semestre, as exportações para os Estados Unidos somaram 5,8 milhões de pares e US$ 111,8 milhões, incrementos de 13,5% e de 7,2%, respectivamente, ante o mesmo ínterim de 2024.
Indústria química recebe com preocupação anúncio de tarifaço às exportações
A Associação Brasileira da Indústria Química - ABIQUIM recebe com preocupação o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de sobretaxar em 50% as exportações brasileiras ao país. Trata-se de tema de grande relevância para a indústria química, não apenas por suas exportações aos EUA, mas também porque o setor é um importante fornecedor de insumos para setores exportadores como a indústria de alimentos, e a de papel e celulose, entre outras.
O setor químico brasileiro tem uma balança comercial deficitária com os EUA. Em 2024 importamos aproximadamente 10,4 bilhões de dólares e exportamos apenas 2,4 bilhões de dólares, totalizando um déficit de 7,9 milhões de dólares. Em volume, o déficit foi de 6 milhões de toneladas.
A indústria química defende o tratamento das relações comerciais internacionais com base exclusivamente em aspectos de ganho econômico mútuo e no livre-mercado, seguindo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em um cenário sujeito a interferências de natureza política, entendemos que o diálogo técnico é o melhor caminho na solução dessa questão. Ambos os lados estão sujeitos a perdas, pois são mercados importantes para as exportações do outro. É preciso, portanto, negociar para evitar possíveis perdas para todos.
Entendemos que a longa tradição de relacionamento comercial estável e proveitoso entre Brasil e EUA deve ser preservada. É momento de firmeza e ações refletidas, mas sobretudo de procurar canais de diálogo diplomático.