Automotivo  13/08/2025 | Por: Redação

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Fluidos de arrefecimento ganham protagonismo em veículos eletrificados

Ao contrário dos modelos convencionais, estes veículos operam com múltiplos sistemas simultâneos, cada um com sua faixa ideal de temperatura


Com a evolução da eletromobilidade no Brasil, aspectos técnicos antes considerados secundários nos veículos a combustão ganham nova importância — como é o caso do sistema de arrefecimento. Em live promovida pela Valvoline™, o especialista Nelson Fernando, da NEO – Beyond Automotive Consulting, parceiro técnico da marca, detalhou os desafios e cuidados exigidos pelo controle térmico em veículos elétricos e híbridos.

Ao contrário dos modelos convencionais, que contam com um único circuito térmico, os veículos eletrificados operam com múltiplos sistemas simultâneos — incluindo bateria, inversores, conversores, motor elétrico e compressor do ar-condicionado — cada um com sua própria faixa de temperatura ideal. “O sistema térmico é um dos maiores desafios tecnológicos dos eletrificados. Ele exige fluido adequado e conhecimento técnico para preservar o desempenho, a segurança e a vida útil dos componentes”, afirmou Nelson.

A bateria, por exemplo, opera entre 10 °C e 40 °C de temperatura, sendo que o intervalo entre 25 °C e 28 °C é o ideal para ela trabalhar. Já os inversores e conversores trabalham em torno de 60 °C, enquanto o motor elétrico pode atingir 120 °C. Nos híbridos, o desafio se amplia com a presença do motor a combustão, que exige um circuito separado.

Além das diferenças térmicas, os veículos eletrificados contam com sistemas cada vez mais sofisticados, compostos por sensores, válvulas eletrônicas, bombas elétricas e módulos de controle. Nesse contexto, o fluido precisa ser compatível com materiais sensíveis, como alumínio, plásticos técnicos e componentes eletrônicos. O uso inadequado pode causar corrosão, formação de bolhas, falhas elétricas e até incêndios em caso de vazamentos.

A troca do fluido térmico também requer cuidados específicos, como a utilização de scanners automotivos, bombas de vácuo para a sangria e testes de contaminação. Segundo Nelson, mesmo em sistemas com longa durabilidade, é fundamental seguir as recomendações das montadoras quanto ao tipo de produto, à diluição com água desmineralizada, se necessário, e às verificações periódicas.

Um dos pontos mais críticos destacados na live foi a relação direta entre temperatura e vida útil das baterias. Uma célula de íon-lítio operando constantemente acima da faixa ideal pode ter sua durabilidade reduzida pela metade. “Além de preservar a bateria, o sistema térmico também é responsável pelo conforto a bordo, especialmente em veículos que geram menos calor residual do que os motores a combustão”, acrescentou.